sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Entrevista de Socorro Lira na USP FM sobre o Lua Bonita

Entrevista concedida ao programa Vira e Mexe, de Paulinho Rosa e Dominguinhos, na Rádio USP. Ouvir: http://www.radio.usp.br/programa.php?id=75&edicao=100904

terça-feira, 20 de julho de 2010

BLOG DO MAURO FERREIRA

Leve, 'Lua Bonita' ilumina a obra de Zé do Norte

Por Mauro Ferreira para o blog do jornalista.

Veiculada em âmbito mundial no ritmo do baião, ao ser posta em rotação na trilha sonora do premiado filme O Canganceiro (1953), a toada Mulher Rendeira é o maior sucesso da obra esquecida de Alfredo Ricardo do Nascimento, conhecido como Zé do Norte (1908 - 1992). Gravada em diversos idiomas, Mulher Rendeira recupera no disco Lua Bonita o andamento original - mais lento, como se fosse um acalanto - com que a toada foi adaptada por Zé do Norte a partir de um tema tradicional do folclore. Mulher Rendeira é uma das 11 músicas do álbum em que a cantora Socorro Lira reabilita a obra do cantor, compositor e poeta paraibano - hoje pouco ouvida. Quarto volume do projeto Memória Musical da Paraíba, Lua Bonita - Zé do Norte 100 Anos é o sétimo disco de Socorro e celebra, com dois anos de atraso, o centenário do autor de Sodade, Meu Bem, Sodade - outra toada da trilha de O Cangaceiro, revivida por Socorro em dueto afetivo com Vanja Orico, atriz do filme dirigido pelo cineasta Lima Barreto (1906 - 1982) com roteiro de Rachel de Queiroz (1910 - 2003). Com leveza, Lua Bonita ilumina obra de grandeza ímpar com adesões de Elba Ramalho (no xote Flor do Campo), Geraldo Azevedo (no xote que dá título ao disco, Lua Bonita, arranjado pelo próprio Geraldo), Sandra Belê (no coco Balança a Rede) e Zé Paulo Medeiros (na canção São Jorge e a Lua). Um cancioneiro bem eclético. Natural de Cajazeiras, no sertão da Paraíba, Zé do Norte rompeu com sua obra as fronteiras musicais da região onde nasceu - talvez pelo fato de ter migrado para o Rio de Janeiro (RJ). Seu repertório autoral abrange tanto um carimbó - Vai Ver Quem Chegou, temperado com o molho rítmico do Norte do Brasil - quanto um tema afro (No Reino de Iemanjá) e um maxixe (Rainha de Tamba). Temas revividos pelo canto melodioso de Socorro Lira - tão leve quanto os arranjos de Júlio Caldas - neste disco encerrado com a voz do próprio Zé do Norte, que recita os versos de O Poeta em gravação extraída de entrevista concedida pelo compositor em 1977 a uma emissora de rádio de Salvador (BA). Por mais que surjam eventualmente algumas controvérsias sobre a verdadeira autoria de músicas registradas por Zé do Norte como dele (por ter sido folclorista, há quem defenda a tese de que alguns temas teriam sido recolhidos, e não compostos, pelo artista), a obra atribuída ao poeta é de grande valor e merece sair da sombra e ser apreciada sob a luz de Lua Bonita - belo tributo de Socorro.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

JORNAL DO COMÉRCIO (RECIFE)

Sob o Encanto de Zé do Norte.
Autor do sucesso Mulher rendeira tem a obra resgatada pela cantora paraibana Socorro Lira no disco Lua bonita

por Zé Teles, 26 de junho de 2010

Cantor, compositor, poeta, folclorista, escritor, ator, Alfredo Ricardo do Nascimento, ou Zé do Norte, um paraibano nascido em Cajazeiras, em 1908, foi sucesso internacional com Mulher rendeira (que adaptou de uma canção atribuída a Lampião), em 1953, cantada na trilha O cangaceiro, de Lima Barreto. Mulher rendeira desde então recebeu centenas de gravações, no Brasil e no exterior. No mesmo filme, Zé do Norte tornou conhecida outras composições: Sodade, meu bem, sodade, Lua bonita, Meu pião. Ele continuou compondo e gravando até meados dos anos 70.

Daí em diante foi caindo no esquecimento popular, embora, vez por outra, fosse lembrado por artistas como Caetano Veloso (que usa trechos de Sodade, meu bem, sodade, no disco Transa, 1972), Geraldo Azevedo, que gravou Meu pião (no álbum Bicho de 7 cabeças, 1979), ou Lua bonita, que foi gravada por Raul Seixas (A pedra do Gênesis, 1988).

Zé do Norte tem vários outros clássicos, que ele próprio registrou em discos (todos fora de catálogo) e tem parte de sua obra, literalmente, resgatada, pela cantora e compositora Socorro Lira, paraibana de Brejo da Cruz. Socorro lançou, com patrocínio do BNB, o CD Lua bonita, uma homenagem ao centenário do compositor, acontecido há dois anos: "O disco só pôde ser terminado agora. É um projeto que comecei há cinco anos, quando vim morar em São Paulo. O jornalista Assis Ângelo, que tem um programa de rádio com grande audiência, me mostrou os discos de Zé do Norte, e quando comecei a série Memória Musical Paraibana, ele foi um dos autores que decidi gravar". A série foi aberta com o disco dedicado ao compositor Zé Marcolino (Sala de reboco, Serrote agudo), depois vieram CDs com o Coco de Caiana, formado por descendentes de quilombolas, de Alagoa Grande, Sertão da Paraíba.

O projeto Zé do Norte foi inscrito em vários editais de incentivo à cultura, e rejeitado por quase todos. A exceção foi o BNB, que o aprovou. "Foi um valor tão pequeno, que não deu para terminá-lo. Voltei ao banco e consegui o que faltava para finalizar o disco", conta Socorro Lira, que fez a seleção do repertório, escolhendo as músicas com o amigo Assis Ângelo. "Escolhemos alguns sucessos, e também umas menos conhecidas. Zé do Norte deixou muita coisa inédita, em partituras. Podia ter escolhido algumas dessas, mas encareceria o projeto, e a grana não dava para isto."

Mesmo com verba curta, a cantora conseguiu fazer um disco que faz jus à memória do homenageado, com participações especiais de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Sandra Belê, Zé Paulo Medeiros e Vanja Orico, e uma faixa bônus com Zé do Norte declamando um poema (extraída da gravação de uma entrevista concedida por ele ao Jornal do Brasil, em 1977). "Isto foi possível graças à amizade que tenho com alguns deles, e pela admiração que outros têm a Zé do Norte. Se fossem cobrar cachê, eu não teria como pagar", diz Socorro Lira. As participações aconteceram por acaso, ou sorte. Geraldo Azevedo, ela encontrou numa viagem a Juazeiro do Norte: "Ela já havia gravado Meu pião, combinamos para ele cantar Lua bonita. Foi Geraldo que sugeriu que eu convidasse Elba Ramalho e Vanja Orico, com quem eu não tinha contato. Acabei indo ao Rio, conheci Vanja e nos demos muito bem. Ela vai fazer 80 anos, conversa muito, contou todas as histórias possíveis e imagináveis das filmagens de O cangaceiro, de Zé do Norte, do diretor Lima Barreto". Vanja Orico, atuou no filme e canta Mulher rendeira e Sodade, meu bem, sodade, que ela voltou a gravar neste disco, num dueto com Socorro Lira.

A cantora tem uma discografia com duas vertentes, a de músicas autorais, já com seis títulos, alguns lançados na Europa, e esta, de preservação da memória da música paraibana. "O próximo disco que penso em fazer na série Memória é com a música de Cátia de França. Enquanto isso vou divulgando este disco. Dependendo do contratante, posso cantar com a banda, ou viajamos eu e Júlio Caldas, que fez os arranjos no disco e toca muito bem violão ou viola".

LUA BONITA NA RÁDIO UOL

Ouvir o CD LUA BONITA

http://www.radio.uol.com.br/#/album/socorro-lira/lua-bonita---ze-do-norte-100-anos/20029

PORTAL PARAÍBA

A cantora paraibana Socorro Lira foi a primeira a se apresentar, trazendo para o palco músicas como ‘Sapato de Algodão’, ‘Balança a Rede e Mulher Rendeira’, todas do CD ‘Lua Bonita’, homenageando o compositor paraibano Zé do Norte. A segunda atração da noite foi à banda de Pífanos de Caruaru. No palco, os integrantes contagiaram o público com um repertório repleto de baião, samba-matuto, xote, xaxado, frevo e forró, a maioria do CD ‘Tudo Isso É São João’, lançado em 1999 com músicas juninas.

Secom-JP

SNN SISTEMA NORDESTE DE NOTÍCIAS

A cantora paraibana Socorro Lira foi a primeira a se apresentar, trazendo para o palco músicas como ‘Sapato de Algodão’, ‘Balança a Rede e Mulher Rendeira’, todas do CD ‘Lua Bonita’, homenageando o compositor paraibano Zé do Norte. A segunda atração da noite foi à banda de Pífanos de Caruaru. No palco, os integrantes contagiaram o público com um repertório repleto de baião, samba-matuto, xote, xaxado, frevo e forró, a maioria do CD ‘Tudo Isso É São João’, lançado em 1999 com músicas juninas.

Fonte: Redação com Secom/JP

JORNAL DO BRASIL

Nelson Gobbi, Terça-feira, 15 de Junho de 2010

Conhecido por temas que se tornaram parte da cultura popular, Zé do Norte (19081979) tem sua obra celebrada no álbum Lua bonita. Ao lado de convidados como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Vanja Orico, a cantora Socorro Lira interpreta canções como Mulher rendeira e Sodade, meu bem, sodade.

JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO (SP)

Que mania é essa, sujeito?

Por José Neumanne Pinto, Jornal O Estado de São Paulo, 03 de julho de 2010.

Alfredo Ricardo do Nascimento, vulgo Zé do Norte, era sertanejo de Cajazeiras, no alto sertão paraibano.

Sua cidade fica perto de Orós, Ceará, terra de Raimundo Fagner, e de Brejo do Cruz, no limite da Paraíba com o Rio Grande do Norte, cidade natal de Zé Ramalho e da cantora Socorro Lira. Os xarás se conheceram e chegaram a provar uns chopes muito bem tirados, acompanhados de tremoços, num restaurante alemão simpático da Lapa carioca, o Bar Brasil. A morena Socorro, dona de uma voz melodiosa e cristalina, é de outro tempo, outra geração, outro feitio. Mas agora ela e ele estão reunidos no CD Lua Bonita, em que a cantora registrou 11 canções clássicas da Música Popular Brasileira, todas com autoria atribuída a Zé do Norte, nem todas de fato compostas por ele. Na mais famosa, Mulher rendeira, Socorro recorreu a um artifício esperto: deu a cantiga de ninar como de domínio público (DP), com adaptação de quem se dizia o autor.

De certa forma, a cantora incorporou o espírito malandro do homenageado. Este, sim, apesar de egresso das brenhas do interior nordestino, aprendeu todos os truques da malandragem carioca vivendo ao lado de Cartola, Carlos Cachaça e outros compositores de renome do morro da Mangueira, no Rio. No convívio com esses bambas da Estação Primeira, ele deve ter ouvido a sentença atribuída a Sinhô, da nata dos sambistas dos anos 30, a Época de Ouro da música brasileira: “samba é como passarinho, está no ar, é de quem pegar”. E tratou de registrar como da autoria dele canções que ouviu a mãe no sertão ou algum companheiro de caserna afinado em Fortaleza cantar ou, quem sabe, em terreiros de macumba no Rio mesmo. Mas nem depois de haver tomado todas, jamais revelou ao amigo mais fiel que músicas ele de fato compôs e de quais ele assumiu a autoria. Típico personagem de Rio, Zona Norte, clássico do Cinema Novo, de Nelson Pereira dos Santos, ele não foi nisso original. Patativa do Assaré não acusava Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, de se impor como parceiro em canções que não compusera? E o maestro Heitor Villa Lobos não adaptou temas de DP (como Ó, mana, deixa eu ir, também do folclore paraibano) nas Bachianas?

Certo é que Mulher rendeira já era cantada no sertão antes de Zé do Norte ser dado como gente na então capital federal. Há quem diga que seu autor é Virgolino Ferreira da Silva, o temido cangaceiro Lampião. Mas é mais provável que tenha sido adaptada e recebido acréscimos ao longo do tempo. E não é de todo improvável que algumas estrofes tenham sido criadas por aquele que a adotaria como obra dele.

De qualquer maneira, a cantiga foi o ponto de partida da carreira artística que catapultou Alfredo Ricardo do Nascimento para a fama como Zé do Norte. Boa praça, com muita verve, ele se tinha tornado amigo de intelectuais cariocas. Cantando uma embolada que fez imenso sucesso no espetáculo Aldeia Portuguesa, aproximou-se de Joracy Camargo, letrista musical e autor do maior êxito de bilheteria do teatro na virada dos anos 40 para os 50: Deus lhe pague, protagonizado por Procópio Ferreira.

Pelas mãos de outra escritora e jornalista renomada, a cearense Rachel de Queiroz, foi indicado para a equipe da produção cinematográfica de O cangaceiro, dirigida pelo paulista Lima Barreto, como consultor de prosódia sertaneja. Terminou sendo o “autor” da trilha sonora, interpretada por Vanja Orico, também atriz e filha de um político renomado da época, Osvaldo Orico. O sucesso da fita em Cannes e nas bilheterias e da trilha elevou Zé do Norte ao Olimpo do cancioneiro popular nacional.

Vanja, assim como Elba Ramalho, Geraldinho Azevedo, Sandra Belê e Zé Paulo Medeiros, tem participação especial no belíssimo CD de Socorro Lira. Divide a interpretação de Sodade, meu bem, sodade, uma obra-prima do lirismo musical sertanejo que, graças ao talento e à esperteza de Zé do Norte, se imortalizou. E, mercê da sensibilidade de Socorro Lira, encanta ouvintes de hoje, como antes já fizera.

Morto aos 71 anos, em 1979, Alfredo Ricardo do Nascimento levou para o túmulo o segredo do que seu heterônimo Zé do Norte realmente compôs ou do que retirou do limbo do anonimato nas brenhas para projetar na glória das execuções no rádio e na televisão pelo mundão além das porteiras do sertão. Socorro Lira, com a ajuda do pesquisador Assis Ângelo, outro paraibano, resgatou a obra e a saga de seu conterrâneo, mostrando que cada canção, por ele composta ou trazida a lume, vale esse preito à alegria, à malícia e à criatividade do sertanejo que, escolado nas manhas de sobreviver, fez-se malandro carioca de escol, chapéu de feltro e cachecol

JORNAL CORREIO DE UBERLÂNDIA (MG)

O tributo a Zé do Norte

por Carlos Guimarães Coelho, 06 de julho de 2010.

Admiráveis são os artistas que têm o talento, a generosidade e a coragem de corrigir distorções da história devolvendo a quem caiu no ostracismo o mérito por sua construção artística. Nesse sentido, a cantora e compositora paraibana, Socorro Lira, prestou um serviço à música brasileira ao lançar o CD “Lua Bonita”, no qual resgata o repertório do músico pernambucano Alfredo Ricardo do Nascimento, o Zé do Norte, autor de “Mulher rendeira”, “Sodade, meu bem, sodade”, entre outras preciosidades musicais.

Quando Socorro se iniciou na carreira musical, Zé do Norte já havia morrido e, décadas antes de sua morte, caído no esquecimento. O que ambos têm em comum, além do amor à música, são as origens simples do ambiente sertanejo e, em decorrência, o apreço às coisas mais simples da vida e da terra, de onde retiram a poesia e a musicalidade.

Ela, embora já com expressiva trajetória no terreno da Música Popular Brasileira (MPB), não é tão conhecida no campo da diversidade musical que é o Brasil. Ele, embora muitos não saibam, é um grande nome da MPB, responsável pelo estrondoso sucesso que repercutiu no mundo inteiro por várias gerações, a canção “Mulher Rendeira”, composta sobre motivo atribuído a Lampião e regravada por nomes universais como Joan Baez, Domenico Modugno e Michel Legrand.

Socorro resgatou, na contemporaneidade, a obra deste compositor fabuloso a quem ela própria ofertou a chancela de “Villa-Lobos do sertão brasileiro”, atribuindo ao paraibano a mesma importância para o país que teve o músico erudito.

Zé do Norte ficou conhecido também por outros sucessos, destacando “Sodade meu Bem, sodade” de 1955, celebrizada nas vozes de vários intérpretes famosos, como Nana Caymmi e Maria Bethânia. Essa música também se tornou mundialmente conhecida por estar em uma das cenas mais antológicas do cinema brasileiro, no filme “O Cangaceiro”, da Vera Cruz, o primeiro e talvez mais importante fenômeno do cinema nacional, premiado em Cannes e com repercussão pelo mundo inteiro.

No filme de Lima Barreto, cuja trilha tinha também “Mulher rendeira”, a música “Sodade meu bem, sodade” era interpretada pela atriz Vanja Orico, uma artista que chegou a ser dirigida por Fellini. Vanja participa no disco de Socorro, interpretando com ela a canção que ajudou a consagrar. Além de Vanja, o disco de Socorro traz outros nomes fortes em participações especiais, como Elba Ramalho e Geraldo Azevedo.

É um disco leve, eclético, com toadas, maxixes, xotes e cantigas. Mesmo para quem não aprecia o gênero, é agradável aos ouvidos e tem a diversidade musical para embalar momentos prazerosos até aos mais exigentes. Socorro Lira revela-se com este trabalho uma boa pesquisadora e artista comprometida com os conteúdos apresentados. Presta a Zé do Norte um tributo e, com isso, ajuda o país a se redimir da culpa de quase deixar um grande músico cair no ostracismo.

JORNAL DA CIDADE DE BAURU (SP)

Uma celebração a Zé do Norte.
Em “Lua Bonita”, a cantora Socorro Lira traz uma amostra daquele que conseguiu enxergar o Brasil por completo.

por Karla Beraldo, 22 de junho de 2010.

Alfredo Ricardo do Nascimento, o Zé do Norte, nasceu em Cajazeiras, sertão da Paraíba, e suas composições ficaram conhecidas por darem conta da riqueza musical do Brasil “de dentro”. Quarto volume do projeto Memória Musical da Paraíba (MMPB) de Socorro Lira, “Lua Bonita” pretende ser uma amostra do legado daquele que conseguiu enxergar o Brasil por completo.

Interpretado e produzido pela cantora e compositora, o disco em homenagem ao centenário de nascimento do Zé do Norte (1908-2008) contou com as participações especiais de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Sandra Belê, Vanja Orico e Zé Paulo Medeiros e traz, entre outras, canções da trilha de “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, filme responsável por tornar o compositor paraibano mundialmente conhecido.

“‘Lua Bonita’ é um retalho, um pedacinho da obra do Zé do Norte que é muito mais ampla, vasta. O que pretendemos é que o disco traga o nome desse compositor, principalmente para a juventude, que precisa ouvir uma obra que representa a identidade do povo brasileiro”, resume a artista também paraibana sobre o disco. “Lua Bonita” é composto por 12 faixas, entre elas “Mulher Rendeira”, “Balança a Rede”, “No Reino de Iemanjá”, “São Jorge e a Lua”, “Sodade, Meu Bem, Sodade” e “O Poeta”.

“Nós somos de uma mesma região e embora de épocas diferentes temos um pouco das mesmas referências musicais. E eu gosto muito dessa perspectiva presente na obra dele de um Brasil mais amplo, um Brasil de referências culturais do povo de cada lugar”, comenta. Para Socorro, se hoje tem-se a necessidade e o dever de olhar para as coisas que vêm do “interior”, é a Zé do Norte que se deve agradecer. “Em 1950, ele gravava coisas que ninguém se atreveria a gravar, porque eram coisas do pobre, do negro; aquela coisa do sambista carioca de gravar só música do morro, Zé do Norte fazia gravando as coisas do interior da Paraíba, falando do jeito que falamos lá”.

Com intuito de promover a cultura nordestina, além de “Lua Bonita”, o projeto MMPB já rendeu os CDs “Ciranda, Coco-de-Roda e Outros Cantos”, com o canto-dança da comunidade de Caiana dos Crioulos, de Alagoa Grande; “Pedra de Amolar”, em homenagem ao compositor Zé Marcolino; e “Desencosta da Parede”, também da comunidade de Caiana dos Crioulos.

Quanto aos seus trabalhos autorais, Socorro soma seis lançamentos: “Cantigas” (2001); “Cantigas de Bem Querer” (2003); “Intersecção - A Linha e o Ponto (2006)”, cujo lançamento foi realizado em Bauru, em apresentação da cantora no Sesc; “As Liras Pedem Socorro” (2007); “No Terreiro da Casa de Mãe Joana” (2009); e “Cores do Atlântico”, lançado este ano somente na Europa.

JORNAL O NORTE (PB)

Socorro Lira canta Zé do Norte, no São João de João Pessoa.

William Costa,28 de junho de 2010.

Quem quiser dançar, pode dançar a vontade, mas o show que a cantora e compositora paraibana Socorro Lira faz hoje, a partir das 18h, no Ponto de Cem Réis, no centro da cidade, dentro da programação do São João de João Pessoa - O Melhor da Gente, promovido pelo governo municipal, é, na verdade, um concerto para se ouvir com muita atenção. É que a artista traz no repertório xotes, maxixes, cantigas, cocos, macumbas, canções-choros, toadas e carimbós do genial Zé do Norte (1908-1992), reunidos em seu novo disco, Lua Bonita, dedicado ao autor de 'Meu pião' e 'Sodade, meu bem, sodade'.


Lira preparou espetáculo para ser visto, ouvido e dançado com atenção Foto:Val Portásio/D.A Press
Em entrevista exclusiva, Socorro Lira revelou que queria fazer um disco em homenagem a Zé do Norte desde 2005, ano em que o jornalista e pesquisador musical Assis Ângelo, também da Paraíba, lhe apresentou à obra deste artista, cujo lugar de honra, na memória da cultura brasileira, ainda está por ocupar. "Eu ouvia Zé do Norte, ainda menina, pelo rádio (ela nasceu na zona rural do município de Brejo do Cruz, no interior da Paraíba), mas foi ao visitar o acervo de Assis Ângelo, em São Paulo, que cheguei a uma conclusão definitiva sobre esta bela e valiosa obra, tão necessária ao Brasil", disse.

A diversidade rítmica que caracteriza o legado de Zé do Norte logicamente está presente, também, no repertório de Lua Bonita. O disco tem as participações especiais de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Sandra Belê, Vanja Orico e Zé Paulo Medeiros. A escolha dos parceiros foi feita com a ajuda de Geraldinho, durante um encontro entre Socorro e o cantor e compositor pernambucano, numa viagem de avião. "Foram indicações preciosas, as de Geraldinho, pois os artistas representam várias gerações de artistas brasileiros, todas totalmente identificadas com o cancioneiro popular e fãs incondicionais de Zé do Norte", elogiou.

Dá gosto ouvir Lua Bonita. Nele, Socorro Lira atinge a perfeição das coisas simples. O acompanhamento e os arranjos em nenhum momento são excessivos. Tambores, violões, flautas, congas, ganzás, sanfonas, cítaras de cabaça, guitarras, baixos e cellos se harmonizam com perfeição à cadência dos versos de Zé do Norte, sem falar no ornamento sonoro dos vocais, a lembrar que música popular é, essencialmente, produção coletiva.

JORNAL ESTADO DE MINAS (MG)

Memória da música popular
A cantora paraibana Socorro Lira lança o disco Lua bonita, com repertório de canções de Zé do Norte, autor de clássicos como Mulher rendeira e Sodade, meu bem, sodade.

Por Eduardo Girão, 10 de julho de 2010.

O paraibano Zé do Norte compôs e adaptou canções que se tornaram bem conhecidas do público brasileiro, como Mulher rendeira e Meu pião. Foi gravado por gente como Raul Seixas, Caetano Veloso, Inezita Barroso, o pianista francês Michel Legrand e a cantora norte-americana Joan Baez. “As pessoas se lembram de Mulher rendeira e acham que outras canções, como Sodade, meu bem, sodade, são do Caetano. Zé do Norte está totalmente esquecido”, afirma a cantora Socorro Lira, conterrânea que acaba de lançar Lua bonita (Liraprocult), disco em que revisita parte da obra dele.

“Ouço Zé do Norte desde criança, pois tocava no rádio. Em São Paulo, porém, foi onde tive maior contato com a obra dele. Fiquei impressionada com a visão de Brasil dele, em termos de música. Na década de 1950, ele começou a levar para o rádio linguagem considerada inculta, por ser do povo. Nem era tido como arte. Isso foi muito revolucionário. A principal contribuição dele foi afirmar positivamente esse tipo de expressão cultural, que não fazia parte da ‘corte’ e era cantada por matutos, estava em terreiros de candomblé. Foi um dos grandes propagadores da identidade brasileira”, analisa ela.

Lua Bonita tem 11 de suas 12 faixas identificadas com os respectivos gêneros (coco, maxixe, xote etc). “Aprendi com Zé do Norte a fazer isso. Assim dá para imaginar imediatamente onde cada música foi feita. A música brasileira é muito diversificada e nem sempre isso foi bem observado. No entanto, ele soube explorar isso muito bem”, explica a cantora. A exceção fica por conta da última, O poeta, que consiste de versos recitados pelo próprio artista em 1977, durante entrevista concedida à Rádio Jornal do Brasil, em Salvador.

O repertório é aberto com Meu pião e prossegue com canções como Rainha de tamba, Mulher rendeira, No reino de Iemanjá, Sapato de algodão e Vai ver quem chegou. Convidados especiais dão toque especial às canções Lua bonita (Geraldo Azevedo), Sodade, meu bem, sodade (Vanja Orico), São Jorge e a Lua (Zé Paulo Medeiros), Balança a rede (Sandra Belê) e Flor do campo (Elba Ramalho). Os arranjos são de Júlio Caldas em colaboração com os instrumentistas Lifanco, Olívio Filho, Ricardo Vignini, Zé da Flauta, Cássia Maria, Rosa Macedo, Ana Eliza Colomar, Jorge Ribbas e Bruno Serroni, que colaboram no disco.

Pesquisa Além de ter lançado seis discos autorais (um deles, Cores do Atlântico, circulou apenas na Europa), Socorro é idealizadora do projeto Memória Musical da Paraíba, cujo foco está nos artistas tradicionais de sua região natal. A iniciativa já rendeu os CDs Ciranda, coco-de-roda e outros cantos (com o canto-dança da comunidade de Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande; 2003), Pedra de amolar (obra inédita em homenagem ao compositor Zé Marcolino; 2004) e Desencosta da parede (da mesma comunidade de Alagoa Grande; 2007). Luz bonita é o mais recente trabalho dessa série.

ESTAÇÃO NEUMANNE

Que mania é essa, sujeito?

O paraibano Zé do Norte entrou para a história não só por aquilo que fez, mas por aquilo que não fez mas disse que fez. E gravou


José Nêumanne - O Estado de S.Paulo, 03 de julho de 2010.

Alfredo Ricardo do Nascimento, vulgo Zé do Norte, era sertanejo de Cajazeiras, no alto sertão paraibano. Sua cidade fica perto de Orós, Ceará, terra de Raimundo Fagner, e de Brejo do Cruz, no limite da Paraíba com o Rio Grande do Norte, cidade de Zé Ramalho e da cantora Socorro Lira. Os xarás se conheceram e chegaram a provar uns chopes muito bem tirados, acompanhados de tremoços, num restaurante alemão simpático da Lapa carioca, o Bar Brasil. A morena Socorro, dona de uma voz melodiosa e cristalina, é de outro tempo, outra geração, outro feitio. Agora, ela e ele estão reunidos no CD Lua Bonita, em que a cantora registrou 11 canções clássicas da música popular, todas com autoria atribuída a Zé do Norte, nem todas de fato compostas por ele. Na mais famosa, Mulher Rendeira, Socorro recorreu a um artifício esperto: deu a cantiga de ninar como de domínio público (DP), com adaptação de quem se dizia o autor.


A cantora incorporou o espírito malandro do homenageado. Este, sim, apesar de egresso das brenhas do interior nordestino, aprendeu todos os truques da malandragem carioca vivendo ao lado de Cartola, Carlos Cachaça e outros compositores de renome do morro da Mangueira, no Rio. No convívio com esses bambas da Estação Primeira, ele deve ter ouvido a sentença atribuída a Sinhô, da nata dos sambistas dos anos 30: "Samba é como passarinho, está no ar, é de quem pegar." E tratou de registrar como de autoria dele canções que ouviu a mãe no sertão ou algum companheiro de caserna afinado em Fortaleza cantar ou, quem sabe, em terreiros de macumba no Rio mesmo. Mas nem depois de haver tomado todas, jamais revelou ao amigo mais fiel que músicas ele de fato compôs e de quais ele assumiu a autoria. Típico personagem de Rio, Zona Norte, clássico do Cinema Novo, de Nelson Pereira dos Santos, ele não foi nisso original. Patativa do Assaré não acusava Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, de se impor como parceiro em canções que não compusera? E o maestro Villa-Lobos não adaptou temas de DP (como Ó, Mana, Deixa Eu Ir) nas Bachianas?

Certo é que Mulher Rendeira já era cantada no sertão antes de Zé do Norte ser dado como gente na então Capital Federal. Há quem diga que seu autor é Virgolino Ferreira da Silva, o temido cangaceiro Lampião. Mas é mais provável que tenha sido adaptada e recebido acréscimos ao longo do tempo. E não é de todo improvável que algumas estrofes tenham sido criadas por aquele que a adotaria como obra dele.

De qualquer maneira, a cantiga foi o ponto de partida da carreira artística que catapultou Alfredo Ricardo do Nascimento para a fama como Zé do Norte. Boa praça, com muita verve, ele se tinha tornado amigo de intelectuais cariocas. Cantando uma embolada que fez sucesso no espetáculo Aldeia Portuguesa, aproximou-se de Joracy Camargo, letrista e autor do maior êxito de bilheteria do teatro na virada dos anos 40 para 50: Deus lhe Pague, protagonizado por Procópio Ferreira.

Pelas mãos de outra escritora e jornalista renomada, a cearense Rachel de Queiroz, foi indicado para a equipe da produção cinematográfica de O Cangaceiro, dirigida pelo paulista Lima Barreto, como consultor de prosódia sertaneja. Terminou sendo o "autor" da trilha, interpretada por Vanja Orico, também atriz e filha de um político renomado, Osvaldo Orico. O sucesso da fita em Cannes elevou Zé do Norte ao Olimpo do cancioneiro popular nacional.

Vanja, assim como Elba Ramalho, Geraldinho Azevedo, Sandra Belê e Zé Paulo Medeiros, tem participação especial no belíssimo CD de Socorro Lira. Divide a interpretação de Sodade, Meu Bem, Sodade, uma obra-prima do lirismo sertanejo que, graças ao talento e à esperteza de Zé do Norte, se imortalizou. E, mercê da sensibilidade de Socorro Lira, encanta ouvintes de hoje, como antes já fizera.

Morto aos 71 anos, em 1979, Alfredo Ricardo do Nascimento levou para o túmulo o segredo do que seu heterônimo Zé do Norte realmente compôs ou do que retirou do limbo do anonimato nas brenhas para projetar na glória das execuções no rádio e na televisão pelo mundão além das porteiras do sertão. Socorro Lira, com a ajuda do pesquisador Assis Ângelo, outro paraibano, resgatou a obra e a saga de seu conterrâneo, mostrando que cada canção, por ele composta ou trazida a lume, vale esse preito à alegria, à malícia e à criatividade do sertanejo que, escolado nas manhas de sobreviver, fez-se malandro carioca de escol, chapéu de feltro e cachecol.


JOSÉ NÊUMANNE, JORNALISTA E ESCRITOR, É EDITORIALISTA DO JORNAL DA TARDE

DIÁRIO DA REGIÃO _ SÃO JOSÉ DO RIO PRETO (SP)

Socorro Lira homenageia Zé do Norte

por Ariana Pereira, 26 de junho de 2010.

‘Lua Bonita’ marca comemorações do centenário de compositor e escritor
O novo CD de Socorro Lira, “Lua Bonita”, é uma homenagem ao centenário de Zé do Norte. Nascido em Cajazeiras, sertão da Paraíba, o homenageado é autor da imortal “Mulher Rendeira”, que Socorro regrava com outras dez canções compostas por ele.

“É um disco que eu queria fazer desde 2005, quando tomei contato com a obra do Zé do Norte. Conseguimos lançar agora, coincidindo com o centenário, comemorado em 2009”, diz Socorro Lira.

Entre as músicas estão “No Reino de Iemanjá”, “Rainha do Tamba” e “Vai Ver Quem Chegou”. O álbum conta com a participação especial de Elba Ramalho, em “Flor do Campo”, Sandra Belê, em “Balança a Rede”, Zé Paulo Medeiros, em “São Jorge e a Lua”, Vanja Onorico, em “Sodade, Meu Bem, Sodade”, Chico Corrêa, em “Sapato de Algodão”, e Geraldo Azevedo, em “Lua Bonita”.

“Os convidados foram escolhidos dentro do universo de artistas que já gravaram alguma canção do Zé do Norte. Conseguimos fazer uma boa mistura de estilos, com nomes reconhecidos e novos músicos que despontam no cenário nacional.” Além das faixas musicais, o álbum traz uma bônus recitativa, retirada do livro “Brasil Sertanejo”, escrito por Zé do Norte.

Socorro Lira tem dez anos de carreira e seis trabalhos autorais gravados: “Cantigas” (2001), “Cantigas de Bem Querer” (2003), “Intersecção - A Linha e o Ponto” (2006), “As Liras Pedem Socorro” (2007), “No Terreiro da Casa de Mãe Joana” (2009) e “Cores do Atlântico” (lançado somente na Europa, neste ano).

DIÁRIO DE MARÍLIA (SP)

29/06/2010 07:00:04
Socorro Lira canta Zé do Norte
Cantora resgata a obra do matuto paraibano em Lua Bonita

Quem não conhece “Mulher Rendeira”, “Sodade, Meu Bem, Sodade”, “Lua Bonita”? Ao ouvir o 4º volume do projeto Memória Musical da Paraíba, da cantora Socorro Lira o público irá se surpreender com a dinâmica com que se apresentam as composições de Zé do Norte, um dos mais importantes compositores paraibanos.

“Lua Bonita - Zé do Norte, 100 Anos” homenageia o compositor e dá ao público a oportunidade de passear por vários gêneros com muita leveza. Em entrevista ao Jornal Diário, Socorro Lira que nasceu na zona rural de Brejo do Cruz, na Paraíba e há quase dez anos se dedica a projetos culturais, conta da importância da disseminação da música.

Socorro diz que o que ficou conhecida como música nordestina foi o forró, o baião, o xote. Mas, vai muito além disto. Tem as congadas, reisados, cantoria de viola, gêneros não tão divulgados. E, Zé do Norte é um desses nomes que tinha o olhar sobre o Brasil. Isto beneficiou Socorro a passear pela diversidade rítmica e melódica do interior do Brasil.

Ela diz que a linearidade pode ser trabalhada. No CD os ritmos descem para a poesia e em outros momentos acelera novamente, lembra um pouco como acontecem as festas no Nordeste. “Lua Bonita” traz 12 faixas, todas de Zé do Norte.

Mas, antes de tudo, Socorro Lira é cidadã. Antes da arte como profissão - se vale da poesia e da música que escuta para se expressar - ela se coloca como pessoa nascida no sertão da Paraíba, no Brasil, na América Latina e foi nos movimentos sociais que aprendeu e foi formada com visão crítica. Uma pessoa inquieta, inconformada, por isso o que canta tem a ver com esta realidade e riqueza de vida.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

IMPRENSA


Lua Bonita – Zé do Norte 100 Anos
MEMÓRIA MUSICAL DA PARAÍBA, vol. 4.


RELEASE


SOCORRO LIRA, INTÉRPRETE

Em quase 10 anos dedicados à arte em projetos culturais individuais e coletivos, Socorro Lira vem consolidando uma carreira bastante promissora tanto no Brasil quanto no exterior.

São seis trabalhos autorais publicados: CD´s, "Cantigas" (2001); "Cantigas de Bem Querer" (2003); "Intersecção - A Linha e o Ponto" (2006); "As Liras Pedem Socorro" (2007), e “no terreiro da casa de Mãe Joana” (2009); Cores do Atlântico, este último lançado somente na Europa (2010, Pai Música www.pai-musica.com, Galiza/Espanha)

Sua determinação em contribuir para promoção da cultura nordestina fez com que idealizasse o Projeto “Memória Musical da Paraíba” através do qual convive e trabalha com artistas e grupos tradicionais da sua região. Essa iniciativa já rendeu os CDs “Ciranda, Coco-de-Roda e Outros Cantos” – Vol. 1, com o canto-dança da comunidade de Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande – Paraíba (2003); “Pedra de Amolar”, Vol. 2, da obra inédita e em homenagem ao compositor Zé Marcolino (2004); “Desencosta da Parede”, Vol. 3, também da comunidade de Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande – Paraíba (2007).

E agora, em 2010, lança o 4º volume do projeto MMPB, o CD “Lua Bonita, em homenagem ao compositor paraibano Zé do Norte, lembrando o seu primeiro centenário de nascimento (1908-2008).

CD LUA BONITA - Zé do Norte, 100 Anos

O homenageado, que nasceu em Cajazeiras, sertão da Paraíba, via o Brasil por completo; já no seu tempo, suas canções davam conta da riqueza musical do Brasil de dentro:

“Se hoje temos a necessidade e o dever de olhar para essas coisas que vêm do “interior” - visto que nos encontramos sem rumo em meio às encruzilhadas modernísticas e mercadológicas - Zé já o fez muito antes quando macumba, jongo, coco, catimbó, batuques... era coisa de um povo que não tinha voz fora dos espaços onde essa cultura ficava aparentemente resignada, embora viva e revolucionária como nunca”. (Socorro Lira).

Aquele "matuto" enxergava o mundo à frente de seu tempo. Importante lembrar dos versos de "Mulher Rendeira", tema tradicional por ele recolhido e adaptado, que há mais de 50 anos levou Zé do Norte ao reconhecimento internacional, sendo regravado por artistas como Joan Baez e Michel Legrand. Suas canções também ganharam o mundo nas vozes de Nana Caymmi, Maria Bethânia, Raul Seixas entre outros nomes da MPB. Alfredo Ricardo do Nascimento (Zé do Norte), não só precisa ser lembrado como também merece ser homenageado, assim como se faz em "Lua Bonita".

CD LUA BONITA E AS VOZES CONVIDADAS

A familiaridade com a música de Zé do Norte levou Socorro a um passeio prazeroso no que diz respeito a este trabalho, finalmente realizando o seu desejo de gravar um disco com músicas do artista. O CD Lua Bonita, produzido por ela mesma, traz as vozes especialmente convidadas de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Sandra Belê, Vanja Orico e Zé Paulo Medeiros.

A cantora e atriz Vanja Orico - que estreou no cinema no filme “Mulheres e Luzes” do italiano Frederico Fellini – participou, juntamente com Zé do Norte, do filme O Cangaceiro, de Lima Barreto, premiado em Cannes (1953). No CD Lua Bonita ela canta, com Socorro, a mesma canção Sodade Meu Bem Sodade que cantou numa cena inesquecível de O Cangaceiro, no papel de Maria.

Os arranjos são do músico baiano Júlio Caldas em colaboração com os instrumentistas Lifanco, Olívio Filho, Ricardo Vignini, Zé da Flauta, Cássia Maria, Rosa Macedo, Ana Eliza Colomar, Jorge Ribbas, Bruno Serroni que colaboram no disco.

O Banco do Nordeste, através do seu ambiente de comunicação, patrocina e edição do CD Lua Bonita. Vendas e distribuição pela Tratore: www.tratore.com.br


SABER MAIS
www.socorrolira.com.br
www.zedonorte.blogspot.com

PARA OUVIR
www.myspace.com/socorrolira


REPERTÓRIO CD LUA BONITA

“Meu Pião” (Zé do Norte) coco ;
“Rainha de Tamba” (Zé do Norte) maxixe;
“Flor do Campo” (Zé do Norte/Manoel Alexandre) xote,com Elba Ramalho como convidada;
“Mulher Rendeira” (Tradicional/Zé do Norte)cantiga de ninar;
“Balança a Rede” (Zé do Norte/Waldemar Gomes) coco, com participação especial de Sandra Belê;
“No Reino de Iemanjá” (Zé do Norte) macumba;
“São Jorge e a Lua” (Zé do Norte) canção choro, com Zé Paulo Medeiros como convidado;
“Sodade, Meu Bem, Sodade” (Zé do Norte) , toada com participação especial de Vanja Orico;
“Sapato de Algodão” (Zé do Norte) coco, com participação de Chico Corrêa;
“Vai Ver Quem Chegou” (Zé do Norte) carimbó;
“Lua Bonita” (Zé do Norte e Zé Martins) com participação especial de Geraldo Azevedo;
"O Poeta" (Zé do Norte) faixa bônus recitativa, do livro Brasil Sertanejo, também de autoria de Zé Norte.


ASSESSOIRA DE IMPRENSA
Graciela Binaghi - gracielabinaghi@uol.com.br
(11) 9174 4484; (11) 3287 6734
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LUA BONITA _ ESTÚDIO





LUA BONITA _ ESTÚDIO





segunda-feira, 19 de abril de 2010

O Poeta

Na vida fui timoneiro
Sou vento, sou tempestade
Dou a vida e dou o sangue
Por causa da liberdade

A vida é um riacho fundo
Difícil de atravessar
Cada passo, um padre nosso
Que a gente tem que rezar

A mulher, o cadafalso
Para a gente se enforcar
Cada condenado, vítima
Cada vítima, um altar

O poeta tem direito
De falar do coração
Inda morrendo é poeta
Na boca da Imensidão

Na porta da eternidade
Tem um letreiro que diz
Todo poeta aqui entra
Sem ter que ir ao juiz

Seu sofrimento na terra
É sempre tremendo, atroz
É por isso que aqui dizemos
Venham os poetas a nós

Do livro Brasil Sertanejo de Zé do norte

O Filho de Zé do Norte

Por Toninho di Lita ( filho de Zé do Norte )

A propósito da crônica "Trivial de Zé do Norte" de Luíz Nassif, publicado em seu portal e neste blog.

Correção: Zé do Norte faleceu em 4 de janeiro de 1992, em Vila Valqueire – RJ e não no final da década de 70, como andam escrevendo algumas pessoas. Outra correção:Êle não morou e faleceu na Casa dos Artistas. Era uma pessoa totalmenta lúcida e tinha uma situação financeira estável.

Além de suas músicas e da trilha sonora do filme O Cangaceiro, êle também é o autor dos livros,”Brasil Sertanejo “, que foi editado em 1948 e ” Memórias de Zé do Norte “, editado em 1985. Em 2008 foi lançado o livro ” Um Tal Zé Norte “, uma biografia escrita pelo médico e escritor pernambucano Kleber.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/

Trivial de Zé do Norte, por Luíz Nassif


Zé do Norte, a pomba arribação
Crônica de 26/09/1999

Tive alguns sonhos na vida. Um, o de ter conhecido Garoto, o multiinstrumentista brasileiro. Mas ele morreu do coração em 1954, quando garoto era eu, com meus quatro anos de idade.

Conheci Luiz Gonzaga pouco depois, fazendo show em praça pública em Poços de Caldas, cidade que abrigou durante certo tempo sua segunda mulher, que padecia de problemas do pulmão, e o filho Gonzaguinha.

Foi um período ainda rico em Poços, que, sem a projeção dada pelo jogo, ainda preservava parte da majestade.

O teatrólogo Oduvaldo Vianna morou por lá um tempo com seu filho Vianinha.

O show de maior sucesso na rádio Cultura era o de Sebastião Leporace, exímio violonista, que compunha uma paródia diária sobre temas do momento. Sebastião era irmão do radialista Vicente Leporace, e pai de Gracinha e Fernando Leporace, que fizeram sucesso na MPB no início dos anos 70.

Os Índios Tabajara também passavam por lá todo ano, tocando violão nas temporadas.

Alguns anos depois, os Índios Tabajara estourariam nos Estados Unidos, com sua fantasia de índio-embora fossem autênticos cearenses- e uma “técnica violonística atlética”.

Poucos músicos brasileiros venderam tanto disco no exterior quanto eles. Soube outro dia que voltaram para o Brasil e estão morando em um sítio no Estado do Rio.

Meu pai tinha uma discoteca de música brasileira de primeiríssima, ainda na época dos discos de 78 rotações. Apreciava “Dora”, de Caymmi -em homenagem ao qual batizei minha filha caçula- , Inezita, Ivon Cury e seu “Amendoim Torradinho”.

Mas um dos autores que ele mais gostava era Zé do Norte. Zé era um Luiz Gonzaga mais rústico e sem carisma.

Estourou no Brasil com a música “Lua Bonita”, da trilha sonora do filme “Lampião, Rei do Cangaço”. Foi uma das músicas que marcaram a nossa infância.

Quase toda noite, minha mãe juntava os filhos no quarto e, enquanto meu pai ia fechar a farmácia, cantava “Lua Bonita” com sua voz límpida: “Lua bonita / se tu não fosse casada / eu ponhava uma escada / e ia no céu te beijar / E se colasse teu frio com meu calor / pedia a Nosso Senhor / pra contigo me casar”.

Essa era a mais conhecida. Mas havia um conjunto de baiões e xaxados rústicos que colocavam o Nordeste inteiro na sala de nossa casa, quando executados na vitrolinha.

Havia o “Ô Zé, quando for para a lagoa / toma cuidado com o balanço da canoa / Ô Zé, faça tudo que quiser / só não me roube o amor dessa mulher”.

Eu dormia sonhando com essa lagoa escura que temia, mas que ao mesmo tempo me atraía por seu perigo e por ser lagoa, que sempre imaginei como um lago calmo.

A música mais pungente de Zé do Norte das que eu conheci era “Pomba Arribação”, um monumento à tristeza nordestina, à seca e aos retirantes, que já sensibilizavam as cabeças infantis da minha geração.
A pomba arribação era o último ser vivo que abandonava o sertão.Quando isso ocorria, nada mais havia a se fazer.

“Pomba arribação quando foge do sertão / deixa tudo em tristeza / deixa tudo em solidão / ai, ai, hum hum hum, ai meu Deus, que maldição”.

A música tinha uns versos lindos na sequência e terminava com: “quando a noite vem chegando / por detrás da serrania / o vaqueiro dá o aboio / se despedindo do dia”. Pareciam puros versos de Patativa do Assaré.
Anos atrás, Zé do Norte apareceu reivindicando a autoria de uma novela de Dias Gomes. Pouca gente levou a sério. Depois, soube que ele estava agasalhando sua velhice no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá.

Outro dia, numa lista de discussão de música popular, me informaram que ele teria falecido em 1979 -tudo isso?

Às vezes acho que esse meu ritmo profissional anda me atrapalhando muito cultivar melhor os meus velhinhos.

Durante anos fiz planos de conhecer Zé do Norte, da mesma maneira que gostaria de ter conhecido os sambistas Antônio Almeida e o coronel Luiz Antônio- de “Lata D’Água na Cabeça” e “Barracão”.

Esses, não deu, mas ainda vou conhecer o Paulo Soledade (de “Vê, estão voltando as flores”) e o violinista Fafá Lemos, antes que me aprontem uma falseta.

Fonte: http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/

O pensamento de Zé do Norte


"Eu quero uma mocidade verde e amarela, sã, que trabalhe pelo Brasil, pela música e pela arte, por tudo o que for bom. Dou valor à juventude de hoje, a juventude sã que progride, a juventude que constrói, porque tem que ser assim. Então nós teremos um Brasil liberto, livre! Zé do Norte, compositor".

Não atirem! Somos todos Brasileiros!


"Reunimos aqui diferentes gerações e estilos, o país sem fronteiras de Zé do Norte.
Todos os momentos foram de profunda alegria e emoção como, por exemplo, o de gravar com a cantora e atriz Vanja Orico, hoje com a mesma vontade dos tempos da cantora cigana Boema, sua personagem no primeiro filme de Frederico Fellini. A artista dirigida, no cinema, pelo italiano e por Lima Barreto tem uma humildade de fazer inveja. Em 7 de novembro de 1968, em ataque dos militares contra estudantes, ela imortalizou a frase “Não atirem! Somos todos brasileiros!”no que considera o momento mais importante de sua vida". Socorro Lira.

Socorro Lira e o CD Lua Bonita


Apresentação Socorro Lira

Meu primeiro contato com a canção de Zé do Norte foi, ainda menina, no interior da Paraíba. Ouvia pelo rádio: Sapato de Algodão, Meu Pião, Mulher Rendeira... e outras. Mas foi por volta do ano 2005, quando cheguei a São Paulo, que tive um reencontro fundamental com a obra do autor. Visitando o acervo de Assis Ângelo me dei conta do quanto ela é bonita, valiosa e necessária ao Brasil, nesse momento.

Se hoje temos a necessidade e o dever de olhar para essas coisas que vêm do “interior” - visto que nos encontramos sem rumo em meio às encruzilhadas modernísticas e mercadológicas - Zé já o fez muito antes quando macumba, jongo, coco, catimbó, batuques... era coisa de um povo que não tinha voz fora dos espaços onde essa cultura ficava aparentemente resignada, embora viva e revolucionária como nunca. Este sertanejo, como estudioso da cultura popular, compositor e cantador pensava e sentia o Brasil com profundidade.

Percebi uma familiaridade incrível entre a minha canção e a de Zé do Norte, talvez por termos nascido tão perto, apesar de épocas distintas. Digo perto em todos os sentidos: Cajazeiras e Brejo do Cruz estão ali, no mesmo alto sertão paraibano.

O disco Lua Bonita foi quase todo gravado em 2009, justo ano do centenário de nascimento do homenageado. Mas só o terminamos em 2010 graças à generosidade dos meus convidados e convidadas que cantam e tocam comigo; de amigos e amigas que me apóiam nessas empreitadas. E, claro, pela participação do nosso principal apoiador, o Banco do Nordeste com sua equipe.

Reunimos aqui diferentes gerações e estilos, o país sem fronteiras de Zé do Norte.
Todos os momentos foram de profunda alegria e emoção como, por exemplo, o de gravar com a cantora e atriz Vanja Orico, hoje com a mesma vontade dos tempos da cantora cigana Boema, sua personagem no primeiro filme de Frederico Fellini. A artista dirigida, no cinema, pelo italiano e por Lima Barreto tem uma humildade de fazer inveja. Em 7 de novembro de 1968, em ataque dos militares contra estudantes, ela imortalizou a frase “Não atirem! Somos todos brasileiros!”no que considera o momento mais importante de sua vida.

Zé do Norte escreveu livros sobre o Brasil sertanejo; fez rádio no Rio de Janeiro onde apresentava o nordestinês; fez canções, gravou discos e chegou ao cinema com O Cangaceiro, ao lado de Vanja. Foi criticado em alguns aspectos da sua obra, mas deu sua contribuição. Tinha lá sua visão machista e fazia versos acusando a natureza “malévola” das mulheres - um “cadafalso” para os homens que não sabem o que fazer com um par de chifres.

Sou uma mulher de sorte. Estou feliz por propor à juventude da Paraíba, em especial, uma audição disso que é, também, tão nosso e que nos traduz tanto! A música de Zé do Norte se mistura com a nossa gente, com o Sertão, com o Nordeste, com nosso imenso Brasil.

Socorro Lira, São Paulo, março de 2010.

Quem participa do CD Lua Bonita


Elba Ramalho e Sandra Belê PB), Geraldo Azevedo (PE), Zé Paulo Medeiros (SP) e Vanja Orico (RJ).

Músicos especialmente conviados: Chico Corrêa (PB),Zé da Flauta (PE), Ricardo Vignini (SP), Lifanco e Di Freitas (CE), Jorge Ribbas (PB).

quinta-feira, 11 de março de 2010

Centenário de Zé do Norte

Por Xico Nóbrega (fonte http://fnorronha.blogspot.com)

Neste dia 18 de dezembro de 2008, comemora-se o centenário de nascimento do compositor, poeta, folclorista e escritor paraibano Alfredo Ricardo do Nascimento, que se popularizou na história da radiofonia, da música popular e da cinematografia nacional com o nome artístico de Zé do Norte – num tempo em que a sua região natal – o Nordeste – era conhecida por aquela denominação.

O menino Alfredo Ricardo, órfão de pai e de mãe, teve uma infância muito pobre.
Trabalhou na enxada, apanhou algodão, conduziu tropas de burro. Gostava de cantar desde a infância, mas sem imaginar que isso pudesse ser meio de vida.

Em 1921, foi para Fortaleza, alistou-se no Exército, indo servir no Rio de Janeiro.
Convidado, atuou em programa de rádio, obtendo grande sucesso com uma embolada de sua autoria.
Acabou sendo levado para a Rádio Tupi onde cantou adotando o pseudônimo de Zé do Norte, em 1940.

Em 1941 ele foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) e participou de programas, como “Desligue, Faz Favor “ e “Hora Sertaneja”.
Passou depois para as rádios Fluminense, Clube do Brasil, Guanabara, atuando como animador, organizador, cantor e declamador.
Nesse tempo, Zé do Norte lançou em programa de rádio o sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga, o futuro Rei do Baião.

Zé do Norte publicou o livro “Brasil Sertanejo” em 1948 e cinco anos depois atuou como consultor do linguajar nortista e compositor no filme “O Cangaceiro”, de Lima Barreto (1953).

Sua música “Mulher Rendeira” (sobre motivo atribuído a Virgulino Ferreira, o Lampião) ficou mundialmente conhecida após ser incluída no referido filme.
Entre suas mais de 100 composições, a segunda mais famosa é “Sodade Meu Bem, Sodade” (1955), regravada por vários intérpretes, como Nana Caymmi e Maria Bethânia(...).

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Quem faz o CD Lua Bonita

FICHA TECNICA

Produção artística e executiva: Socorro Lira
Interpretação: Socorro Lira, convidados e convidadas.
Produção musical: Júlio Caldas, Ricardo Vignini e Socorro Lira.
Arranjos: Júlio Caldas e instrumentistas.
Gravação, edição e mixagem: Ricardo Vignini
Masterização: Turbo Mastering
Xilogravura da capa: Nireuda
Fontes xilogravura: Galdino Otten
Projeto gráfico e criação: Carlos Magno Perêra.
Fotos Socorro Lira: Val Portásio e Robinson Roberto
Assessoria de imprensa: Graciela Binaghi
Patrocínio: Banco do Nordeste

Falas de Zé do Norte e a faixa “O Poeta” extraídas de entrevista concedida por ele a Ney Hamilton e Luiz Carlos Saroldd, Noturno - Rádio Jornal do Brasil, Salvador- BA, 01/02/1977, gentilmente cedida por Perfilino Neto. O conteúdo musical foi, gentilmente, cedido para pesquisa pelo acervo particular de Assis Ângelo, São Paulo – SP, 2005.

Os convidados e convidadas participaram gratuitamente do projeto.

Zé do Norte e o Cangaceiro



Além de atuar no filme, Zé do Norte teve três músicas na trilha sonora.

O Cangaceiro, filme realizado em 1953, foi o maior sucesso do cinema brasileiro em todos os tempos.

Escrito e dirigido por Lima Barreto, com diálogos criados por Rachel de Queiroz e cenografia e figurinos de Caribé, O Cangaceiro foi o primeiro filme brasileiro a conquistar as telas do mundo. Considerado até hoje o melhor filme produzido pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a sua história se inspirava na lendária figura de Lampião, o rei do cangaço.

Ganhou o prêmio de Melhor Filme de Aventura e de Melhor Trilha Sonora, que teve em Vanja Orico a principal intérprete. O filme, vendido para a Columbia Pictures, passou em mais de 80 países. Só na França, permaneceu em cartaz por mais de cinco anos.

Homenagem a Zé do Norte - CD Lua Bonita


“No campo da cultura popular, a obra do paraibano Alfredo Ricardo do Nascimento, o Zé
do Norte, pode ser comparada à obra do carioca Heitor Vil a-Lobos, tornado conhecido
no mundo todo por suas “Bachianas”, que teve por base temas folclóricos de várias partes
do País. A de nº 1 é exemplo: abre com embolada (introdução), gênero genuinamente
nordestino; e segue com modinha (prelúdio).

Zé do Norte, como Villa-Lobos, ficou internacionalmente famoso por canções de origem
folclórica, como a toada Mulher Rendeira, retocada como baião pelo maestro Gabriel
Migliori, assim inserida na trilha sonora do filme O Cangaceiro, de 1953, com roteiro de
Raquel de Quiroz e direção de Lima Barreto, premiado em Cannes. Vanja Orico, além de
interpretar Zé, em O Cangaceiro, fez um dos papéis principais.

A Rendeira foi gravada muitas vezes em inglês, alemão e espanhol, entre outras línguas,
por artistas como Joan Baez, Domenico Modugno e Michel Legrand. Mas, ao contrário de
Villa, Zé caiu no esquecimento.

Zé do Norte nasceu em Cajazeiras - PB em 18/12/1908, vindo a falecer no Rio de Janeiro - RJ a 04/01/1992.

(Assis Ângelo, jornalista e escritor, para o projeto)